Cidadão do Céu

 

O Salmo 15 é um dos meus preferidos. É um diálogo entre Davi e Deus. Davi faz uma pergunta e Deus lhe responde. Em via de regra, Deus não deixa as pessoas sem respostas. Só que nem sempre ele responde o que queremos ouvir, e sim o que nós perguntamos.

 

Davi pergunta: Senhor, quem habitará no teu tabernáculo, quem morará no teu santo monte? O tabernáculo, estabelecido por Moisés no deserto, era uma tenda gigante onde os hebreus cultuavam a Deus. O monte santo de refere a Moriá, onde Salomão edificou o templo. Enfim, Davi está perguntando a Deus quem poderia estar em sua presença. Deus lhe responde da seguinte forma sobre o caráter da pessoa que habitará com Ele no céu:

 

• Aquele que anda em sinceridade – A transparência no caráter é algo exigido por Deus. Ser você mesmo em todas as ocasiões, além de exigir certa coragem, faz você ter uma das características do cidadão do céu. Além disso, é importante também “andarmos em sinceridade” ao orarmos, expondo a Deus exatamente o que somos e falarmos a ele sobre o que temos feito que não o agrada.

• Pratica a justiça – É quase imperceptível, mas praticamos a injustiça muitas vezes no dia-a-dia. Somos injustos ao não darmos atenção a quem merece, ao sermos egoístas, a só pensarmos no nosso bem-estar, a não darmos nem um pouco do nosso tempo a Deus, etc. Veja o que diz a Bíblia: “Não detenhas dos seus donos o bem, estando na tua mão poder fazê-lo” (Provérbios 3:27). Resumindo, ao deixarmos de fazer o bem, tendo a possibilidade de fazê-lo, estamos deixando de dar a alguém aquilo que lhe é de direito, receber o bem. É óbvio que este padrão elevado de comportamento tem origem no caráter bondoso de Deus.

• Fala verazmente segundo o seu coração – Deus aborrece o fingido, hipócrita. A pessoa dissimulada, que tem uma cara para cada ocasião, certamente não é cidadã do céu.

• Aquele que não difama com a sua língua – O caluniador, maldizente, fofoqueiro, com certeza não tem parte no caráter de Deus.

• Não faz mal ao seu próximo – Fazer mal ao próximo não é só matar e roubar, como ouvimos popularmente. Tratar alguém com indiferença também é fazer o mal. Olhar uma pessoa em condições econômicas ou culturais inferiores à nossa com desprezo é fazer o mal. Deixando de fazer o bem, já estamos fazendo o mal (Tiago 4:17).

• Não aceita afronta alguma contra o seu próximo – “O homem bom não fere o próximo mediante palavras ou atos, nem participa de campanhas de malefícios. Ele mesmo não é detrator nem caluniador, e não participa de maledicência. As calúnias assacadas pelo homem mau desnuda o homem bom de seu verdadeiro caráter e veste-o de vilanias. Dessa forma, o homem reto é transformado no que não é. Aqueles que se alimentam de calúnia são como as moscas que depositam ovos nojentos nas feridas abertas...” (Russel Champlin)

• Tem por desprezível o réprobo – O homem réprobo (perverso) é olhado com desprezo pelo justo. Mesmo que tenha dinheiro, poder, fama, influência, o réprobo é tido como desprezível e pequeno por aquele que tem a essência do caráter divino. O cidadão do céu não bajula ou “puxa o saco” do homem perverso, seja ele quem for.

• Mas honra os que temem ao Senhor – Um cidadão do céu “identifica” o outro e o trata com honra.

• Mesmo que jure com dano próprio, não se retrata – O homem de palavra não volta atrás em suas promessas. Mesmo que este compromisso assumido com o próximo lhe traga algum prejuízo, ele o cumpre, de forma leal.

• Aquele que não empresta seu dinheiro com usura – Se aproveitar da situação delicada de alguém para levar vantagem certamente não é recomendável para quem quer estar no “tabernáculo de Jeová” ou no seu “santo monte”.

• Nem aceita suborno contra o inocente – Este último item se refere, principalmente, às pessoas revestidas de autoridade. O dinheiro é capaz de corromper a maioria dos corações. Condenar um inocente por ceder ao suborno, além de ser crime, é algo altamente detestável por Deus.

 

 

JULIO CÉZAR